Uma criança que cresce em um ambiente estressante, sem estrutura, marcado por conflitos frequentes e falta de carinho, pode apresentar comportamentos inadequados. Desta maneira, deve ser utilizado abordagens que incentivem uma comunicação aberta e entendimento claro entre todos, especialmente mantendo coerência nessa comunicação.
Por exemplo, se você orienta seu filho a não mentir, mas em determinada situação, pede para ele dizer que não está quando alguém liga para você, como pode esperar que ele compreenda essa dualidade e não minta para você em determinadas situações? Onde está a coerência nesse cenário?
Da mesma forma, ao lidar com a agressividade de uma criança, é essencial que a resposta do adulto vá além de simplesmente enfatizar a necessidade de silêncio ou interrupção do choro por meio de ameaças verbais e/ou físicas. Caso contrário, existe o perigo da criança assimilar a ideia de que violência e agressividade são métodos eficazes para lidar com frustrações. Isso pode resultar em uma visão distorcida, fazendo com que ela perceba tais atitudes como respostas aceitáveis para controlar emoções ou resolver seus conflitos. Essa dinâmica pode, por sua vez, refletir em suas relações futuras, manifestando-se através de submissão, subestimação e repressão de sentimentos, ou mesmo tornando-se reativa diante das adversidades da vida.
Mas porque os pais agem dessa forma com seus filhos?
Como mencionei anteriormente, o meu objetivo não é criticar e sim dar luz a este cenário. Uma pessoa que adota uma postura autoritária pode estar replicando padrões que aprendeu em suas próprias experiências passadas, lembra das gerações e estilos parentais?
O pai de hoje é, na verdade, o filho do passado, estabelecendo um ciclo contínuo de influência geracional. Essa interconexão entre gerações destaca como as experiências passadas moldam as práticas parentais presentes. À medida que o filho hoje é influenciado pela criação recebida, ele se tornará o pai de amanhã, transmitindo, por sua vez, essas influências às próximas gerações. Essa dificuldade em reconhecer, compreender, nomear e regular emoções armazenadas internamente pode levar a expressões inadequadas diante do comportamento dos filhos, seja por meio de autoritarismo ou permissividade. Isso resulta em métodos de criação que, em vez de promover uma comunicação aberta e compreensiva, podem favorecer excessos de liberdade e falta de limites.
É fundamental adotar uma abordagem na qual a autoridade seja construída por meio do diálogo e da compreensão mútua, em vez de apenas exigir obediência. Isso implica em criar espaços seguros nos quais pais e filhos possam conversar abertamente sobre seus sentimentos e pensamentos, incentivando uma comunicação que seja acolhedora e empática.
Em contrapartida, é inevitável que nossos filhos se deparem com situações frustrantes; é parte essencial do processo de aprendizado lidar com esses desafios. Reconhecer que a vida não segue sempre nossos desejos é um elemento importante para o crescimento emocional. Permitir vivenciar essas emoções, acompanhadas de uma explicação transparente sobre os motivos por trás das decisões dos pais, não apenas favorece um entendimento mais aprofundado, mas também promove uma saúde emocional robusta. Essa abordagem proporciona as ferramentas necessárias para que possam enfrentar as adversidades e cultivar resiliência ao longo de suas vidas.
Como podemos minimizar esses impactos?
Desenvolver a habilidade de ouvir, acolher e permitir que a criança ou adolescente expresse seus sentimentos, entendendo o seu mundo mental e as razões por trás de suas ações, é um caminho essencial para suavizar essas reações. Essa abordagem centrada na comunicação e compreensão mútua cria um ambiente propício para o fortalecimento dos laços familiares.
A verdade é que, esses pais também precisam ter a oportunidade de trabalhar ativamente seus sentimentos. Afinal, como podem oferecer apoio e orientação aos filhos se, também estão lidando com os próprios desafios emocionais?
É comum que se sintam perdidos diante das diversas demandas e diferenças, e precisam reconhecer que eles também necessitam ser ouvidos, acolhidos e orientados. Às vezes, a pressão da responsabilidade pela criação dos filhos, associado a rotina profissional e outras demandas podem ser esmagadora, especialmente quando confrontada com as complexidades emocionais de cada membro da família. Eles merecem um espaço para expressar suas preocupações, compartilhar experiências e receber orientação, contribuindo assim para o seu próprio desenvolvimento emocional. Quando estão emocionalmente equilibrados, são mais capazes de apoiar e guiar eficazmente seus filhos.
Gostaria de compartilhar algumas dicas simples que podem ser incorporadas à rotina diária da família, visando facilitar a relação entre pais e filhos.